Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
O poeta Augusto dos Anjos sabia muito bem expressar as suas angústias emotivas. Esse poema revela uma habilidade incrível de poetizar os desacertos da vida e mesclar o belo da poesia e das rimas com um vocabulário podre. Mas quem de nós não se sente ,em algum momento, como este poeta e exagera na linguagem a fim de externar o que sente? E quem disse que fazer do feio algo belo é proibido. "Apedreja essa mão vil que te afaga, escarra nessa boca que te beija."
Tenho um poema que se chama "Antíteses", não é tão "podre", mas lembra-me um pouco Augusto. Breve postarei e gostaria que lêsses, Nilton! Té mais!
ResponderExcluir