quarta-feira, 8 de julho de 2009

Árvore da Esperança


Frida explicita, apesar da agonia das dores, sua fé na cura, ainda que remota. Por anos, espera com angústia, mas espera. Essa esperança traduz-se num verso de uma canção preferida que se tornou o seu lema: “Árvore da esperança, mantém-te firme!”. Esse verso, aliás, foi o título de uma tela de 1946, na qual há duas Fridas. Uma delas, sob o sol escaldante, sobre uma maca num deserto seco e com o solo cheio de rachaduras, está deitada de lado, com os cabelos solta, nua e com um lençol branco que cobre parte de seu corpo, no qual se vêem dois cortes sangrentos de uma operação na coluna. A outra está no mesmo cenário, só que sob a luz lunar. Sentada na beira da mesma maca, ostentando exuberantemente um vestido vermelho, a outra Frida, saudável e bela, segura um desnecessário colete de coluna numa das mãos e na outra uma bandeirola em que se lê os versos da canção-título.
Em Árvore da esperança, mantém-te firme (1946), Frida retrata seu infortúnio físico resultado das várias intervenções (foram mais de 30 operações, sete delas na coluna) que sofrera ao longo da vida na tentativa de melhorar suas condições de saúde. A noite pintada numa metade da tela alude ao sofrimento, e o dia ensolarado, na outra metade, tem a ver com sua expectativa de recuperação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário